sábado, 30 de julho de 2011

Bolsa-propaganda: parlamentares usam, você paga




Por André Golnçalves - Blog CONEXÃO BRASÍLIA



Sem mesquinharia, é mais do que natural que deputados federais e senadores sejam ressarcidos por despesas inerentes ao trabalho parlamentar. É preciso colocar na conta da democracia certos custos como a compra de passagens aéreas para se deslocar a Brasília, assim como a manutenção de estruturas para atender demandas da população no estado. Anormal é dar dinheiro para as excelências fazerem
propaganda.
Dados do site da Câmara mostram que no primeiro semestre de 2011 a bancada de deputados paranaenses recebeu mais de meio milhão de reais para gastos com “divulgação”. Foi o segundo item de despesa mais utilizado entre os representantes do estado entre 12 possíveis. O primeiro foi telefonia, que consumiu R$ 533 mil.
É bom saber de onde sai esse dinheiro: todos os meses cada deputado recebe, além do robusto salário de R$ 26,7 mil que se multiplica 15 vezes ao ano, um pacote de auxílios cujo nome oficial é Cota para Exercício da Atividade Parlamentar. Os valores são diferentes entre os estados devido ao custo das passagens aéreas. A menor cota é a do Distrito Federal (R$ 23.033,13), a maior é a de Roraima (R$ 34.258,50), enquanto a paranaense é de R$ 29.154,13.
Dos 30 deputados do Paraná, apenas cinco não apresentaram gastos com divulgação – Dr. Rosinha (PT), Fernando Giacobo (PR), Nelson Padovani (PSC), Reinhold Stephanes (PMDB) e Zeca Dirceu (PT). Já André Zacharow (PMDB), Assis do Couto (PT) e Cida Borghetti (PP) mantiveram despesas acima de R$ 50 mil cada. Uma consulta breve às informações das notas fiscais apresentadas por eles à Câmara mostra o teor desses gastos.
O dinheiro serviu para pagar editoras, gráficas, jornais, rádios, empresas de publicidade e de assessoria de imprensa. Em resumo, propaganda. Claro que ninguém admite seus fins particulares, mas o fato é que esse tipo de situação ajuda a deturpar o conceito de disputa eleitoral e prejudica a renovação do Congresso.
No ano passado, estudo da organização Transparência Brasil apontou que cada senador candidato nas eleições de outubro foi ressarcido por gastos com divulgação, em média, com R$ 22 mil entre janeiro e julho. O valor foi 48% maior do que o gasto no mesmo item dos colegas que não se candidataram. Não parece ser mera coincidência.
Paira a dúvida: como é que fica o candidato que não tem mandato? A ver navios, como quase sempre. Afinal, as excelências são zelosas o suficiente com o dinheiro público para não saírem distribuindo bolsa-propaganda por aí.
O curioso é que um dos temas centrais das propostas de reforma política em discussão na Câmara e no Senado é justamente o financiamento público de campanhas. Mas o assunto é tabu. Sempre que o debate se afunila, os parlamentares tiram do armário a tese de que o Brasil precisa gastar dinheiro com áreas mais necessitadas, como educação, saúde e segurança, e não com eleições.
O argumento é mais dissimulado que republicano. Na prática, o financiamento público já existe, mas deveria ser chamado de “oculto”. Além de ser regalia para poucos – aliás, os mesmos poucos que definem as regras políticas do país.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

União civil gay contraria 55% dos brasileiros, diz Ibope

Opiniões variam muito em função da religião, idade e escolaridade

Fonte: www.gazetadopovo.com.br


Uma maioria de 55% dos brasileiros é contra a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que autorizou a união estável entre pessoas do mesmo sexo. Mas o tema divide a população: 52% das mulheres são a favor e 63% dos homens são contra. As opiniões variam muito em função da religião, idade e escolaridade.

A pesquisa, à qual a reportagem teve acesso, foi feita pelo Ibope Inteligência entre 14 e 18 de julho. Foram entrevistados pessoalmente 2 mil brasileiros de todas as regiões, seguindo as cotas de distribuição por idade, sexo e classe de consumo. A margem de erro é de dois pontos porcentuais, para mais ou para menos. Os resultados podem ser extrapolados para toda a população.

A decisão do STF coincide com o que pensam os brasileiros com menos de 40 anos e contraria os mais velhos. O apoio à união gay varia de 60% entre os jovens de 16 a 24 anos a 27% entre aqueles com 50 anos ou mais.

A tolerância cresce com a escolaridade. A aceitação da união entre homossexuais é quase a metade entre quem cursou até a 4.ª série do fundamental (32%) em comparação a quem fez faculdade (60%). O mesmo ocorre com as classes de consumo. Nas classes D e E, 62% são contra. A taxa de rejeição cai para 56% na classe C e fica em 51% na soma das classes A e B. Isso se reflete nas diferenças geográficas.

Nada divide mais a opinião dos brasileiros sobre o assunto que a religião. Entre os 60% de brasileiros católicos (50% a 50%) e entre os 12% de ateus/agnósticos (51% de apoio) há um racha de iguais proporções. Entre espíritas e adeptos de outras religiões não cristãs, o apoio ao casamento de pessoas do mesmo sexo chega a 60%.

Quem desequilibra as opiniões contra a união estável homossexual são os evangélicos/protestantes. Com peso de 23% no total da população em idade de votar, eles são esmagadoramente contrários à decisão do STF: 77%. Apenas 23% concordam com os ministros. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

TERCEIRA VIA NA CGADB

“Quem sabe não foi para esta hora que permitiu surgir a ideia, com o propósito de reconstruir os nossos muros já quase destruídos? Desafios há em tudo quanto se faz. Neemias não reconstruiu Jerusalém sentado em tapete persa e tocando flauta. O seu maior desafio foram os opositores. Eles queriam que tudo ficasse como estava. Os seus interesses estavam em jogo.” [Geremias do Couto]

Pastor Geremias do Couto idealizou um projeto para promover uma reestruturação geral na AD Brasil – restauração dos princípios bíblicos. Denominado Terceira Via, o projeto tem como escopo promover a mudança de cima para baixo, ou seja, mudança na estrutura de comando a partir da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil – CGADB, com intuito de resgatar estes valores.

De acordo com informações do próprio mentor do projeto “o interesse pelas propostas da Terceira Via na CGADB supera as expectativas. É possível perceber bastante predisposição, não só em diversos comentários publicados no blog, mas também em conversas com pastores, por telefone, e através dos emails dos mais diferentes lugares que chegam à minha caixa eletrônica.”

A CGADB pode ser considerada, na pessoa de seus dirigentes, a maior responsável pela deformação da instituição AD Brasil. Isto é, sua fragmentação tanto no âmbito organizacional quanto no aspecto doutrinário. A descentralização administrativa da entidade, sem a devida maturidade das lideranças, aliada aos péssimos exemplos de comportamento da cúpula da Convenção Geral (CGADB) e também das Convenções estaduais, como não poderia ser diferente, culminaram em péssimos resultados nas igrejas locais. Não se trata de uma tese, mas quando a desordem vem de cima para baixo o caos torna-se inevitável, uma vez que se fica mais fácil, para os que estão na base da pirâmide, justificar e até mesmo legitimar desvios de conduta.

Vale destacar o que vem afirmando o pastor Geremias, desde o início quando começou a falar da Terceira Via, sobre que devemos respeitar a vontade soberana de Deus, mas que também precisamos ter atitude aliada com oração para estarmos em consonância sua vontade.

“Não é demais repetir: creio na soberania Deus. O que ele fizer, sempre será bem feito, apesar de nos sentirmos, aqui e ali, aparentemente não contemplados por sua vontade. Só o tempo nos ajuda a entender que não fomos esquecidos por suas dadivosas mãos. Mas temos de convir que Deus trabalha também através de seus instrumentos. Quem sabe não foi para esta hora que permitiu surgir a ideia, com o propósito de reconstruir os nossos muros já quase destruídos? Desafios há em tudo quanto se faz. Neemias não reconstruiu Jerusalém sentado em tapete persa e tocando flauta. O seu maior desafio foram os opositores. Eles queriam que tudo ficasse como estava. Os seus interesses estavam em jogo.” [Geremias do Couto]

Se você ainda não conhece o site (blog) do pastor Geremias do Couto, o seu endereço eletrônico é http://geremiasdocouto.blogspot.com

quinta-feira, 7 de julho de 2011

"Não é o fim. É o início", diz Marina durante evento de despedida do PV



http://www.uol.com.br/ - Com reportagem de Janaina Garcia



link: http://noticias.uol.com.br/politica/2011/07/07/nao-e-o-fim-e-o-inicio-diz-marina-durante-evento-de-despedida-do-pv.jhtm




Em um ato público organizado nesta quinta-feira (7) em São Paulo, a ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva afirmou que sua saída do Partido Verde (PV) não "é o fim".
"Não é o fim. É o início", disse. "Não é momento para ficarmos tristes, mas um momento para ficarmos tristes e alegres."
Marina começou sua fala criticando as distorções do sistema político. Na sua visão, os partidos brasileiros estão transformando os eleitores em meros “espectadores”. Segundo ela, seu “foco principal” nessa “caminhada esperançosa” é “sensibilizar os brasileiros e brasileiras” que acabam ficando de fora das decisões importantes do país.
A ex-senadora também negou que a troca de sigla tenha somente fins eleitorais. “Não se trata de uma saída pragmática com olhos postos em calendários eleitorais”, disse. “É preciso reagir e chamar mais e mais pessoas para um debate sobre nosso futuro”, afirmou ela.
Marina sustentou ainda que, “da forma como (o PV) foi estruturado”, “não foi possível” levar adiante seus planos políticos na sigla. "Não é hora de ser pragmático. É hora de ser sonhático", disse ao finalizar seu discurso. Guilherme Leal, seu companheiro de chapa nas últimas eleições, também deixou o partido.
Antes dela, discursaram outros nomes da legenda. O ex-deputado Fernando Gabeira (RJ) e o deputado federal Alfredo Sirkis (RJ) criticaram os rumos do PV e defenderam a criação de um novo partido, em data ainda não definida, e a criação de um movimento suprapartidário. Sirkis anunciou sua saída da legenda e Gabeira demonstrou apoio à causa de Marina.
A saída de Marina acontece nove meses após o primeiro turno da eleição para a Presidência da República, quando ela saiu politicamente fortalecida ante seus cerca de 20 milhões de votos, e já em meio aos acordos partidários que antecedem a sucessão municipal de 2012.
Em nota oficial divulgada hoje, o PV afirmou que "está passando pela primeira grande crise de crescimento" e nega que não haja democracia interna na legenda.
Há semanas a desfiliação é cogitada, em meio a desgastes internos que se arrastam pelo menos desde março com a cúpula do PV. Em março, reportagem da Folha de S.Paulo antecipava a disposição da ex-senadora em deixar o PV após o presidente do partido, o deputado federal José Luiz Penna (SP), ter liderado uma manobra na Executiva Nacional para prorrogar o próprio mandato.
A reportagem tentou ouvir Penna sobre a saída de Marina, mas a assessoria de imprensa da legenda informou que ele se manifestaria, “talvez”, apenas após o anúncio da colega na capital paulista.




Analistas comentam
Analistas políticos consultados pela reportagem no Rio e em São Paulo acreditam que a saída de Marina do PV é consequência de mudanças na legenda não apenas após o pleito de 2010, mas também nos últimos anos. Para os especialistas, a forma como Marina atuará será decisiva para os resultados da sucessão presidencial em 2014.
Para o cientista político Carlos Melo, do Insper - Instituto de Ensino e Pesquisa, Marina não conseguiria se viabilizar hoje “em partido algum”. “Porque as estruturas partidárias estão todas viciadas: os partidos têm donos, têm projetos pessoais e grupos articulados com outros interesses e compromissos --e por mais sucesso que um ‘forasteiro’ tenha, esse caciquismo está presente em todos."
Melo acredita que o mais adequado, após a saída do PV, seria que a ex-senadora e os defensores de suas propostas formassem uma organização própria que abraçasse outras causas sociais, e não apenas a ambiental. A partir dessa base, defende, a participação no pleito municipal do ano que vem seria base importante para a disputa de 2014.
“Infelizmente, a meu ver, a Marina deixou de manifestar o novo --e talvez os 20 milhões de votos que ela recebeu expressassem algo novo em meio a essas estruturas viciadas. E esse 'novo' precisa de novo surgir. Nesse momento é importante ela e seus companheiros se expressarem por meio de uma ONG, de toda a rede social que ela montou e que minguou muito da eleição para cá. E seria de bom grado que pudesse organizar minimamente um partido e disputasse, com uma agenda nova, uma grande capital brasileira --o Rio seria a cara dela, ou até mesmo São Paulo”, classificou Melo.
O professor de Ciência Política da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) Jairo Nicolau afirma que o PV nacional, que buscou inspiração no PV europeu, encontrou realidade divergente no Brasil “porque aos poucos foi perdendo as pessoas que abraçavam a agenda original do PV”. Para o analista, a legenda se tornou “um partido tradicional; perdeu o charme”.
“Nesse contexto, a Marina acabou ficando em uma sinuca de bico. Como liderança civil, ela deveria fortalecer sua atuação na sociedade em torno do debate dos grandes temas e só então, depois das eleições do ano que vem --pois não haveria tempo hábil para criar uma sigla agora--, pensar um partido próprio”, afirmou Nicolau. “Ela não deveria ficar orientada pela recandidatura. Sua contribuição é muito maior como liderança civil, descolada de um certo oportunismo eventual."




Biografia
A estreia de Marina em uma disputa eleitoral foi em 1986, ainda filiada ao PT, quando tentou uma cadeira na Câmara dos Deputados. Como o partido não atingira o quociente eleitoral mínimo, não foi eleita, apesar de expressiva votação. Dois anos depois, foi eleita a vereadora mais votada de Rio Branco (AC).
A eleição como deputada estadual veio em 1990, e, aos 36 anos, em 1994, se elegeu a senadora mais jovem da história do país. Reelegeu-se em 2002 e no ano seguinte, em janeiro, assumiu o Ministério do Meio Ambiente na nova equipe do então recém-eleito presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Marina deixou o ministério em maio de 2008 alegando, em carta endereçada a Lula, que a decisão estava atrelada a dificuldades “para dar prosseguimento à agenda ambiental federal”. Em agosto do ano seguinte, se desfiliou do PT e, 11 dias depois, anunciou o ingresso no PV. Foi pela sigla que concorreu ano passado à Presidência, ao lado do empresário Guilherme Leal, seu vice.
Nascida em uma pequena comunidade do Acre chamada Breu Velho em 8 de fevereiro de 1958, filha de pais nordestinos, Marina deixou a região dos seringais para trabalhar como empregada doméstica e estudar na capital do Estado. Lá, se formou em História. Mas foi pelo contato com o líder seringueiro Chico Mendes que acabou abraçando a vertente social. Seguiu essa linha por meio do envolvimento com a Teologia da Libertação e com as comunidades eclesiais de base, mas também pelo auxílio na fundação da CUT (Central Única dos Trabalhadores) no Acre.